Há 20 anos, o Brasil perdia o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, um homem que dedicou sua vida à luta pela desigualdade social e contra a fome e a miséria.
Betinho realizou a maior campanha já feita no país para combater a fome. Ele idealizou e colocou em prática o movimento Ação da Cidadania Contra a Miséria, a Fome e pela Vida, em junho de 1993. O projeto arrecadava alimentos e distribuía às famílias carentes.
A população brasileira atendeu ao chamado e a arrecadação chegou a 600 toneladas de alimentos. A iniciativa cresceu e deu frutos, com comitês espalhados por todo o Brasil e até no exterior.
Hoje o Brasil vive um momento de retrocesso e perda de direitos, com o desmonte de políticas públicas voltadas para a promoção da igualdade social, com 14 milhões de desempregados, avanço da pobreza e com a fome voltando a nos assombrar.
Em 2014 o Brasil saiu do Mapa da Fome pela primeira vez, quando o índice caiu para 3% e o mapa do país deixou de ganhar a cor avermelhada.
O levantamento feito pela FAO – instituição da ONU que lida com a agricultura e a alimentação – indica em quais nações mais de 5% da população ingerem diariamente menos calorias que o recomendado.
Mas agora o país está novamente em alerta. Vinte instituições da sociedade civil apresentaram, em julho, o relatório Luz da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, que analisa o desempenho do Brasil para o cumprimento dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) e, diante do que foi analisado, concluiu-se que o Brasil corre risco de voltar ao Mapa da Fome.