Bancárias e bancários do estado de Minas Gerais participaram na noite desta sexta (20) da abertura solene da 23ª Convenção Estadual da Fetrafi-MG CUT. A atividade virtual debateu o “Brasil que queremos” e a resistência diante dos ataques aos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores, a defesa das empresas públicas e do emprego.
A presidenta da Fetrafi-MG, Magaly Fagundes, iniciou as discussões lembrando dos desafios colocados para a classe trabalhadora. A dirigente afirmou a necessidade do início imediato ao enfrentamento dos ataques a direitos conquistados e a resistência diante da tentativa de enfraquecimento das organizações sindicais pelo governo atual e seus aliados.
Escolhido pelos presidentes dos sindicatos que compõem a base da Fetrafi-MG para fazer uma saudação em nome de todos xs dirigentes estaduais, o presidente do Sindicato dos Bancários de BH e Região (Seeb-BH), Ramon Peres, disse que vivemos um momento de maldades. “Quando pensamos que chegamos ao limite da maldade, vem uma maior ainda como é o caso da PL 1043 (que amplia a jornada de trabalho da categoria bancária) e a MP 1045 (que propõe a redução de hora extra)”.
Segundo o dirigente, apesar dos constantes ataques à classe trabalhadora, a categoria bancária tem enfrentado com afinco e organização todos os desafios. “Nossa categoria é organizada e unida. Essa unidade está expressa na Fetrafi-MG e no Comando Nacional e mostra a nossa força”. Ele defendeu ainda a eleição do presidente Lula em 2022 e lembrou que “quando a esquerda assumiu o governo federal gerou emprego e renda e teve um olhar humano para a população, principalmente para as pessoas mais carentes”.
O presidente da CUT-Minas, Jairo Nogueira, ressaltou a necessidade de ampliação do diálogo com a classe trabalhadora. “Temos uma nova geração que ingressou no mundo do trabalho e está meio perdida. Precisamos também lembrar aos mais antigos por que chegamos aonde chegamos”.
O dirigente reforçou que os ataques às trabalhadoras e trabalhadores fazem parte de um projeto iniciado em 2016 com o golpe contra a presidenta Dilma. “Precisamos mostrar que o golpe de 2016 e a eleição do Bolsonaro foram erros. Precisamos resistir. Outras categorias precisam entender que é possível, assim como a categoria bancária, resistir. Contamos com o apoio dos bancários e os bancários podem contar sempre com a CUT Minas.”
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, fez uma palestra sobre o ‘O sistema financeiro e o Brasil que nós queremos’. Ela ressaltou que, desde a deposição da presidenta Dilma, o setor bancário perdeu 30 mil empregos. “Vivemos um desmonte grande no país, com ataques de todos os lados. Deram o golpe para implementar uma agenda e uma das primeiras ações foi a reforma trabalhista, com a promessa de gerar seis milhões de empregos, jamais concretizada. Agora querem fazer uma nova minirreforma trabalhista, a MP 1045 que já foi aprovada na Câmara. Nossa luta agora é para que ela caduque ou para que não seja aprovada no Senado. Tem ainda a PEC 32, da reforma administrativa, que ataca o serviço público e os trabalhadores”.
Segundo a dirigente nacional, o mercado de trabalho sofreu com os avanços tecnológicos e com a reforma trabalhista que propiciou o aumento do lucro das empresas através da precarização do trabalho. “O rendimento dos trabalhadores teve queda de 18,7 bilhões mensais. Esse dinheiro deixou de ir para o comerciante, para quem produz e para o setor de produtos”.
Juvandia ressaltou ainda que a maioria dos acordos coletivos negociados este ano não têm conseguindo garantir aumento real. “Nosso acordo de dois anos assegurou todos os direitos e ainda garantiu reajuste salarial e aumento real em 2021. Tivemos sabedoria de fazer essa construção em 2020 e talvez sejamos uma das poucas categorias que terão aumento real esse ano”.
Ela mostrou ainda preocupação com a política econômica do Banco Central que está aumentando a taxa Selic. Os juros da economia devem chegar a sete por cento até o final do ano. “Isso quer dizer que o povo que está sofrendo vai continuar sofrendo. O que mais cresceu no último período foi o emprego por conta própria. As pessoas estão fazendo qualquer coisa para sobreviver e isso tem impacto no mercado de trabalho – por isso temos que combater a precarização do trabalho”.
Em meio a situação delicada que o povo brasileiro está vivendo, a dirigente afirmou que o Sistema Financeiro “está ganhando rios de dinheiro”. E defendeu a regulação do sistema financeiro e o trabalho de forma geral. “O sistema financeiro tem que ter uma regulação. Não pode liberar as Fintechs sem controle. Não podemos permitir que isso aconteça.”
Juvandia encerrou sua participação na Convenção Estadual da Fetrafi-MG com uma mensagem de otimismo e esperança e ressaltou a importância das eleições de 2022 para mudar esse cenário. “Temos que mudar esse país. O Comando Nacional tirou o Fora Bolsonaro, mas não é só tirar o Bolsonaro. Temos que tirar o Bolsonaro e tudo que ele representa. Queremos um Brasil sem desigualdade, sem fome, sem miséria. Temos responsabilidades grandes como a defesa dos serviços públicos, a tributação dos super ricos, o fortalecimento do SUS. Esse é o Brasil que vamos defender nas eleições do próximo ano”.
Da redação da Fetrafi-MG