Cerca de 100 trabalhadores e trabalhadoras da base da Fetrafi-MG/CUT participaram neste sábado (4) da 22ª Conferência Estadual dos Bancários de Minas. O encontro virtual reuniu dirigentes e representantes dos sindicatos de Belo Horizonte e Região Metropolitana; Ipatinga; Juiz de Fora; Cataguases; Divinópolis; Teófilo Otoni; Uberaba e Patos de Minas.

Segundo a presidenta da Federação, Magaly Fagundes, este é um momento histórico para a categoria que, no próximo período, irá iniciar o processo de campanha salarial em meio a um cenário de pandemia da Covid-19.

A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, falou sobre os desafios do movimento sindical que tem intensificado a sua atuação e a representação da categoria diante de uma realidade que conta atualmente com cerca de 230 mil bancárixs na modalidade de teletrabalho em todo o país. A dirigente nacional explicou que o lema da campanha salarial desse ano é ‘O distanciamento não nos limita’.

“Tem banco achando que o teletrabalho é uma benesse e, na verdade, não é isso. Sabemos que a produtividade e a intensidade do trabalho home office é muito maior”.

Para ela, é necessário cada vez mais utilizar as ferramentas disponíveis para dialogar com a categoria e com a sociedade em geral. “Temos condição de criar uma grande rede de comunicação para promover o diálogo. Devemos aprender a lidar com a novas tecnologias e com os meios de comunicação para pressionar o governo, o Congresso Nacional e os bancos”.

Juvandia reforçou ainda a urgência da defesa dos bancos públicos e a necessidade de levar esse debate junto à sociedade. “Precisamos falar da importância do Banco do Brasil, da Caixa, do Banco do Nordeste e demais bancos públicos. Tem uma frase que diz que ‘se o campo não planta a cidade não janta’. Cerca de 70% do alimento que está na mesa do brasileiro vem da agricultura familiar. E são justamente os bancos públicos os principais que fornecem as principais linhas de crédito para a agricultura familiar. A população precisa compreender essas informações. Precisa entender a importância do patrimônio nacional”.

A dirigente lembrou que desde o golpe que depôs a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, o movimento sindical vem sofrendo uma série de ataques que buscam o estrangulamento dos sindicatos. “Temos nossa força e nossa unidade nacional. Temos dirigentes, militantes e delegados sindicais preparados para atuar na defesa do da PLR, do emprego, do salário e da democracia. Sem democracia não tem direito e não tem distribuição de renda”.

 

Congresso Nacional

O sociólogo e diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz, fez uma análise dos projetos e principais pautas em debate no Congresso Nacional. Ele abordou a questão da permanência do teletrabalho no cenário de pós-pandemia; aprovação da renda de emergencial e a intensão do governo de concentrar outros programas sociais em um único; a ampliação de mais duas ou três parcelas do seguro desemprego; a geração de emprego e renda através da retomada de obras públicas que estão paralisadas e a reforma tributária que pode ganhar destaque nos próximos meses. Para ele, a saída para a “travada geral da economia” não é simples e vai depender da articulação entre governo federal, estados, empresas e trabalhadores.

 

Teletrabalho/ Saúde

Os advogados Fernando Hirch e Luciana Lucena, da LBS, fizeram uma apresentação sobre a segurança e a saúde do trabalhador bancário – tanto daqueles que continuam atendendo nas agências, como aqueles que estão em home office. Segundo eles, o momento impõe um maior avanço no comprometimento dos bancos nos riscos psicossociais e físicos no ambiente do teletrabalho.

 

Impacto da Pandemia no Emprego Bancário

O diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto, apresentou as perspectivas do cenário econômico no pós-pandemia. Projeções apontam que o PIB mundial deve cair 4,9%. No Brasil, o cenário é ainda mais desanimador com uma projeção de PIB negativo de 9%. Com cerca de 12,7 milhões de desempregados; 8,8 milhões de trabalhadorxs em home oficie e 30 milhões de informais, o pós-pandemia não deve ser melhor do que o pré-pandemia.

Para ele, pensar o pós-pandemia passa necessariamente pelo destravamento da questão do crédito em função do grande número de empresas próximas de encerrarem suas atividades. “É preciso dar crédito para quem precisa e não para quem historicamente não precisa. O pós-pandemia agrava a situação quando pensamos em representação sindical. Como vamos lidar com esse enorme de contingente de informais? Como representar esses trabalhadores?”, afirmou.

 

Delegados e propostas

Os participantes escolheram também os representantes nos coletivos temáticos e delegadas e delegados que representarão Minas Gerais na Conferência Nacional.

Xs bancárixs elegeram ainda a ultratividade, a defesa da CCT e da Mesa Única; o home office; a defesa dos bancos públicos; o índice IPCA + 5% de ganho real; e Fora Bolsonaro! Fora Mourão! Fora a política econômica nefasta do Paulo Guedes!; como temários prioritários do estado.