Cerca de 70 bancárixs mineirxs do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal participaram na tarde deste sábado (27) da abertura do 10º Encontro Estadual dos Funcionários e Funcionárias do BB e o 29º Congresso dos Empregados e das Empregadas da CEF. O encontro dos funcionários dos bancos públicos aconteceu, pela primeira vez, de forma remota em função da crise mundial da Covid-19.

 

Durante a abertura da atividade a presidenta da Fetrafi-MG, Magaly Fagundes, lembrou que o Brasil é hoje o epicentro da pandemia do coronavirús na América Latina e que já ocupa a segunda posição mundial em número de mortes e contaminações. “Percebemos, infelizmente, que esse governo não tem cuidado com a vida. Quero registrar a nossa solidariedade a todas as famílias que perderam seus entes queridos e amigos nessa pandemia”. A dirigente sindical lembrou que apesar da crise sanitária, econômica e social que se abateu sobre o país esse é também um momento de luta e resistência dos trabalhadores e das trabalhadoras, contra a “retirada de direitos”.

 

A presidenta do Sindicato dos Bancários de BH e Região (Seeb-BH) e coordenadora da COE Caixa, Eliana Brasil, lembrou que os funcionários da BB e da Caixa têm, nesse momento difícil, o papel de proteger as empresas públicas. “Estamos vendo os ataques ao Banco do Brasil e à Caixa – que são mais dissimulados com a venda dos ativos em meio a essa pandemia toda. Vemos o descaso com os empregados da Caixa, o pessoal está em área meio com uma produção surpreendente de trabalho e mesmo assim o banco insiste em chamar 30% do pessoal que está em home office para o presencial. É inexplicável”. Ela lembrou que 10 empregados da Caixa em todo o país já perderam suas vidas desde o início da pandemia. “Somos nós trabalhadores contra esse desgoverno e os dois presidentes [da Caixa e do BB] na mesma linha do que foi eleito para a Presidência da República”.

 

Para a coordenadora estadual do Banco do Brasil, Luciana Bagno, o agravamento do cenário político no Brasil indica que a Campanha Nacional da categoria vai se dar em um contexto nacional muito difícil. “União é a grande palavra do momento. Precisamos estar mais juntos do que nunca. Podemos e devemos estar juntos mesmo com o distanciamento físico”.

 

A mesa de abertura também contou com as presenças dos presidentes dos sindicatos de Juiz de Fora, Watoira Antônio de Oliveira; Uberaba, Diego Bunazar; Teófilo Otoni e Paulo Cerqueira; do presidente eleito do Sindicato de Ipatinga, Selim Antônio; do representante da Fenae, Cardoso; do secretário geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga. T

 

Bancárixs e a crise 

O diretor executivo da Previ, Marcel Barros, fez uma análise de conjuntura do cenário mundial durante a pandemia. Para ele, a crise sanitária evidenciou que sem o trabalho nada funciona. “Precisamos, nesse momento, juntar os pontos. Um governo de direita, que não tem compromisso com o povo, aliado a um pensamento neoliberal que só se importa com a finança. Mas a finança não existe se eu, trabalhador, não agregar valor a ela. Precisamos juntar tudo isso e ver a importância do mundo trabalho”.

 

Marcel falou ainda da importância da solidariedade, dos movimentos sociais e dos modelos de sustentação e proteção social. “Precisamos provocar o debate e o pensamento sobre o que precisamos para essa sociedade evoluir. Onde a gente tem um governo liberal, que defende a menor participação do Estado, a maior valorização da propriedade privada, a vida está sendo relegada a um segundo plano. As pessoas não estão sendo respeitadas”.

 

Para a ex-presidenta da CAIXA, Maria Fernanda Coelho, ressaltou o processo de desmonte da Caixa, do Banco do Brasil e do BNDES. “Várias palavras sumiram desde que Bolsonaro assumiu a presidência do Brasil. Não se ouve mais falar em investimento, em saúde pública, educação pública e em como dinamizar a economia. Outra palavra que sumiu é privatização. Usa-se desestatização, desmonte, venda de ativo – tudo quer dizer exatamente a mesma coisa”.

 

Segundo o técnico do Dieese, Fernando Amorim os bancos públicos têm um papel estratégico de indução da economia nacional, estadual e municipal em momentos de crise. Ele defendeu que um dos papéis dessas instituições é a promoção de uma política anticíclica, através da oferta de créditos. “Quando já se tem uma economia patinando, é mais difícil se fazer uma política anticíclica, mas ainda mais fundamental”. Outro dado importante para a categoria bancária, que em breve irá iniciar sua campanha nacional é relativa aos lucros dos bancos. Mesmo diante do cenário de crise, o lucro dos cinco maiores bancos do país somou R$ 18 bilhões, com uma média de 27,5% nos últimos doze meses.

 

Após a mesa de abertura, os participantes foram direcionados para salas de conferências específicas de cada instituição bancária.No total foram eleitos 12 delegadxs de Minas para participar do 31º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco Do Brasil e 27 delegadxs para representar Minas Gerais no 36º Conecef.

 

Mariana Viel, da redação da Fetrafi-MG