A capital mineira irá sediar nos próximos dias 28 e 29 de novembro (quinta e sexta-feira) o V Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro. O evento busca promover e ampliar o conhecimento sobre a temática racial, nas suas várias dimensões, a partir da leitura das desigualdades sociais e econômicas brasileiras e da invisibilidade negra no sistema financeiro.
A atividade é promovida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), com o apoio da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Fetrafi-MG).
Segundo o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, a situação da população negra no mercado de trabalho está ligada a um passado escravocrata que se reflete ainda nos dias atuais.
“Negros ganham R$ 1,2 mil a menos que brancos em média no país. Homens brancos ganham 63% a mais do que mulheres negras. A cor da pele é um dificultador para a ascensão profissional. Os negros são maioria nas funções menos qualificadas no mercado de trabalho, possuem os piores indicadores sociais e os menores índices de escolarização”.
O dirigente sindical explica que o abismo social é reflexo da própria história brasileira, em que, após a Lei Áurea , a população negra não teve direito a moradia, educação, trabalho e saúde. “O mínimo de investimento do governo, referente a terras e suporte financeiro, foi destinado aos imigrantes italianos, ingleses, alemães e outros. Menos para os negros libertos. Isso explica as desigualdades raciais no mercado de trabalho”.
Para fortalecer o debate sobre a construção da igualdade racial nos bancos, dirigentes sindicais responsáveis pelas Secretarias de Políticas Sociais dos Sindicatos e Federações de todo o país participarão de mesas de debates como : “A conjuntura histórica das relações de trabalho e raciais no Brasil e a participação de negras e negros no mercado de trabalho”; “A participação dos negros na política e a violência contra a mulher, em especial a mulher negra” e “As conquistas históricas, políticas de cotas como inclusão social e retrocessos nos dias atuais”.
“As mesas são importantes para entender essas questões, suas origens e seus reflexos. É importante que os dirigentes entendam esse processo histórico para debater com @s trabalhador@s. O último censo da diversidade mostrou que dos 400 mil bancários brasileiros, somente 24,7% são negros. O Sistema Financeiro é racista. Na cidade de Salvador, que tem 80% de sua população negra, existe agência bancária sem negros. Daí a importância do nosso V Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro”.
PROGRAMAÇÃO
28 de novembro – quinta-feira
9h – Credenciamento
9h30 – Abertura
10h30 – ANÁLISE DE CONJUNTURA HISTÓRICA DAS RELAÇÕES DE TRABALHO E RACIAIS NO BRASIL E A PARTICIPAÇÃO DE NEGRAS E NEGROS NO MERCADOS DE TRABALHO
“O resgate do trabalho escravo, desde o sequestro dos irmãos negros na África até o fim do século XIX”
Ramatis Jacino – Professor do bacharelado em Ciências e Humanidades e do Bacharelado em Ciências Econômicas da Universidade Federal do ABC. Mestre e doutor em História Econômica pela Faculdade de Letras, Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – FFLCH/USP.
“Análise dos dados do Censo da Diversidade-Fenaban 2014 e as perspectivas do Censo 2019”
Vivian Rodrigues – Economista, graduada pela Fundação Santo André, Mestre em Economia Política pela PUC-SP e Subseção do Dieese – Contraf-CUT
“As políticas públicas e as desigualdades raciais no mercado de trabalho”
Mário Theodoro – Economista formado pela UnB, com Mestrado em Economia na UFPE e Doctorat En Sciences Economiques – Université Paris 1 – Sorbone
13h – Almoço
14h – PARTICIPAÇÃO DOS NEGROS NA POLÍTICA E A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, EM ESPECIAL A MULHER NEGRA.
”População negra, representação política e a classe trabalhadora”
Martvs das Chagas – Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora, consultor em gestão social, foi Superintendente de defesa dos direitos humanos do Estado do Rio de Janeiro, diretor de fomento da Fundação Palmares do Ministério da Cultura e foi ministro interino da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR)
“A violência contra as mulheres negras e seus desafios na sociedade brasileira”
Dra. Angela Gomes – Engenheira Florestal, doutora em Etnobotânica Negro Africana pela UFMG e mestre em Controle de Contaminação Ambiental pela Universidade Politécnica de Madri. Professora Universitária. Coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado para Formação Política. Diretora do Sindicato dos Professores- SINPRO MINAS.
15h45 – Intervalo para café
16h – CONQUISTAS HISTÓRICAS, POLÍTICAS DE COTAS COMO INCLUSÃO SOCIAL E RETROCESSOS NOS DIAS ATUAIS
“Ações que institucionalizam o racismo e a postura do STF e do parlamento brasileiro”
Elói Ferreira – Advogado, zootecnista, Mestrado pela UFRJ-COPPE, Ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) no Governo do Presidente Lula, Ex-presidente da Fundação Cultural Palmares, ex Subsecretário de Direitos Humanos do Rio de Janeiro. Atualmente, Vice-Presidente do Club de Regatas Vasco da Gama.
“AFL-CIO: Ação sindical para combater o racismo e perseguição aos imigrantes no mercado de trabalho americano”
Jana Silverman – Nascida nos Estados Unidos, e Diretora de Programas para o Brasil e Paraguai do Solidarity Center (entidade de cooperação sindical internacional ligada a AFL-CIO, maior Central Sindical dos EUA), possui PHD em Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e Mestrado em Relações Internacionais da Universidade de Columbia em New York
19h30 – Confraternização
29 de novembro – sexta-feira
9h (continuação da mesa anterior)
“Os avanços das políticas afirmativas do governo Lula e os retrocessos no atual governo”
Matilde Ribeiro – Graduada em Serviço Social (1983), mestre em Psicologia Social (1999) e Doutora em Serviço Social (2013) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Foi ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) no Governo Lula, é professora adjunta na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB)
10h – Combate à discriminação racial: A categoria bancária e sua experiência
11h30 – Avaliação das cláusulas de Combate ao Racismo
12h30 – Desafios e compromissos das entidades envolvidas
13h – Encerramento