O Brasil atingiu este ano a marca de 125 milhões de pessoas, mais da metade da população brasileira (212,6 mi), que não têm o que comer nas três refeições diárias necessárias, e 33,1 milhões passando fome todos os dias. É o maior número de brasileiros com fome desde os anos 1990, quando órgãos como o IBGE começaram a pesquisar a insegurança alimentar.
Os dados são de estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), com execução em campo do Instituto Vox Populi. De acordo com o levantamento, o número de pessoas passando (33,1 milhões) aumentou 73,2% em relação à pesquisa feita em 2020, quando eram 9%, ou 19,1 milhões de pessoas. Em pouco mais de um ano o número de novos brasileiros em situação de fome aumentou em 14 milhões.
Em pouco mais de um ano, a fome dobrou nas famílias com crianças menores de 10 anos, subindo de 9,4%, em 2020, para 18,1%, em 2022. Em famílias com três ou mais pessoas com até 18 anos de idade, a fome atingiu 25,7% dos lares.


Na avaliação de Tereza Campello, ex-ministra de Combate à Fome, a gravidade da situação é ainda maior ao observar o resultado da 2º Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (Vigisan), da Penssan, que mostra que a fome se espalhou pelo país inteiro, não sendo mais apenas um problema das regiões Norte e Nordeste, e sim de todo o Brasil.
Para a ex-ministra, a responsabilidade pelo alastramento da fome em todo o território nacional é do atual presidente por ter destruído, não apenas uma política, mas um conjunto de políticas públicas e, pior deixar que o combate à fome deixasse de ser prioridade do Estado brasileiro.
“Para Bolsonaro, não existe fome no Brasil, ele questiona os números e, ao invés de incorporar o problema e dizer que vai enfrentá-lo, nega a sua existência”, afirma Tereza Campello, se referindo as afirmações do atual presidente da República, que em entrevista no dia 26 de agosto deste ano, à rádio Jovem Pan e a um podcast de fisiculturismo, negou que a fome existisse no Brasil.
A destruição de políticas públicas
Segundo a ex-ministra, o conjunto de políticas que garantiram aumento de renda para a população, como a valorização do salário mínimo criada nos governos petistas e destruídas por Bolsonaro, são em grande parte as responsáveis pela atual situação de fome no Brasil.
“Com o salário mínimo congelado e os preços dos alimentos aumentando, ao contrário do que aconteceu com Lula e Dilma onde os preços estavam estabilizados e o aumento do salário mínimo crescia acima da inflação, a perda de renda impede que as pessoas se alimentem adequadamente”, diz. Nos governos do PT, o salário mínimo subiu quase 75% acima da inflação.
Faltam trabalho e renda
Outros pontos considerados por ela, como fatores determinantes para o aumento da fome no Brasil, é a falta de geração de empregos formais, e de incentivo à formalização de trabalhadores com carteira assinada.
A fome é maior nos domicílios em que o responsável está desempregado (36,1%), trabalha na agricultura familiar (22,4%) ou tem emprego informal (21,1%).
“A população desempregada é muito alta e quem está trabalhando está ocupada, na sua maioria, em trabalhos informais, com uma renda comprimida. Então você tem uma renda da classe trabalhadora reduzida e quem está trabalhando, é de forma precária, com menores salários, e trabalhando menos horas do que gostaria, ou do que precisa”.
Fonte: Com informações da CUT Brasil e Rede Brasil Atual