A 19ª Conferência Nacional dos Bancários teve início com um painel expositivo em defesa dos bancos públicos.
O sociólogo Emir Sader, professor da UERJ, abriu a conferência falando sobre a dualidade do público e privado.
Ele explicou sobre o neoliberalismo, o estatal e o privado. “O neoliberalismo acredita que as opções giram apenas em estatal ou privado. Eles reivindicam um conceito que dizem ser muito bonito – a esfera privada – que envolve a liberdade individual das pessoas. Mas quando privatizam uma empresa, como a Vale não dão nas mãos dos trabalhadores, entregam ao mercado. Compra quem tem dinheiro”, disse.
Emir acrescentou que o neoliberalismo transforma tudo em mercadoria, até mesmo serviços básicos como a saúde e a educação. “A educação não é um direito para todos. Para eles é uma mercadoria. Quem tem dinheiro paga uma boa escola. Eles também são contra o SUS e o programa “Mais médicos”. Eles não querem um SUS de qualidade que atenda a todos, defendem um sistema privado, no qual quem tem dinheiro paga um plano de saúde de qualidade”, acrescentou.
Disse ainda que um estado forte pode ser bom ou ruim para os trabalhadores. “Os bancos públicos têm uma lógica totalmente contrária a dos privados. Por que os tucanos privatizaram os bancos estaduais? Porque eles não fazem políticas sociais? Quando se fecha agências da Caixa, como agora, se reduz programas como o Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa família. O banco privado não vive do financiamento social, vive da venda de papéis, do endividamento e da especulação”.
Emir encerrou falando da política econômica do governo Temer. “Este é o governo que promove o desprestígio do governo, do congresso Nacional, para prestigiar o capital financeiro e internacional. Não querem que o Brasil seja uma nação, mas um mercado. E o sistema financeiro é fundamental para esta lógica neoliberal”, avaliou.
Em seguida, Fabiano Felix, representante eleito dos funcionários do Banco do Brasil no Conselho de Administração do banco (Caref BB), falou sobre a necessidade de defender os bancos públicos diante do ataque sistêmico ao sindicalismo, ao PT e a tudo que for de esquerda.
Ele disse que as ideias neoliberais mudam apenas de forma, mas mantém o discurso do Estado mínimo, deixando de lado o papel social dos bancos públicos. E falou também da importância vital dos bancos públicos: “A presença dos bancos públicos em cidades pequenas tem um papel estratégico para aquela sociedade. Representa a possibilidade única de oferta de crédito à população para que a economia gire e se desenvolva. Uma agência tem um papel estratégico para a sociedade. A agência não funciona apenas como intermediação financeira, mas como investidora da região.”
Maria Rita Serrano, Conselheira de Administração eleita pelos empregados da Caixa (CA Caixa), expôs a importância dos bancos públicos para fomentar o desenvolvimento. Ela mostrou dados do setor bancário e destacou o crédito habitacional da Caixa, o crédito agrícola no BB ou o BNDES como financiador da indústria. “Ano passado, quase 60% do crédito no país veio dos bancos públicos”, disse.
Ela encerrou o painel com um chamado de luta:

Foto Jailton Garcia / CONTRAF-CUT
Participaram desse primeiro painel o sociólogo Emir Sader, o representante eleito dos funcionários do Banco do Brasil no Conselho de Administração do banco, Fabiano Félix, e a representante eleita dos empregados da CAIXA no Conselho de Administração, Rita Serrano.
A Conferência acontece, de hoje (28) a domingo (30), no Hotel Holiday Inn, em São Paulo.