Quase meio milhão de mortes. E uma indignação tamanha por cada brasileirx que perdeu sua vida por conta de uma doença para a qual já existe vacina. Esse foi o sentimento que levou milhares de pessoas às ruas no último sábado, 29. Em vários cantos do país trabalhadores, estudantes, cidadãos manifestaram sua indignação pelas vidas perdidas para a Covid-19. Mortes que são consequências da ausência de políticas de enfrentamento à pandemia, da falta de respeito com a população por parte do presidente Jair Bolsonaro e equipe, que duvidaram da gravidade da crise sanitária e rejeitaram a única forma de controlar a proliferação do vírus e conter as mortes: a vacina.
Desde o início da pandemia assistimos vários episódios de negação da situação e, agora com a Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no Senado, a CPI da Covid, ficou constatado que o presidente rejeitou às várias ofertas de vacina pelos laboratórios e institutos como o Butantã de São Paulo.
A situação é dramática! Aumento no número de casos, recordes de mortes, novas variantes do vírus, como a Indiana (B.1.617) com 8 casos no Brasil, 1 deles em Juiz de Fora confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde.
Em entrevista ao site Metrópoles o sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, fundador e ex-presidente da Anvisa, afirmou temer a possibilidade de uma terceira onda com a disseminação da variante indiana, caso os governantes e gestores de saúde não tomem providências assertivas e imediatas para conter a variante B.1.617.
Sem vacina para todxs, sem políticas eficazes de enfrentamento, sem perspectiva e com um genocídio da população em curso, com milhares de pessoas desempregadas, passando fome, o país segue retornando ao mapa da fome e sem saber como será o amanhã.
Realidade da categoria na pandemia
O número de desligamentos por morte de bancários no país no último ano alcançou um crescimento de 176,4%, o que chamou a atenção do movimento sindical, sobretudo se comparado com a média das outras categorias que cresceu cerca de 71,6%. Para representantes dos trabalhadores o crescimento se deve à exposição dos bancários à contaminação por Coronavírus durante a pandemia.
A diretora de saúde e condições de trabalho do SINTRAF JF, Taiomara Neto de Paula, fala sobre os números de contaminação na base: “Mais de 120 bancários foram contaminados isso sem contar outros trabalhadores do sistema financeiro como terceirizados, serviços gerais, vigilantes. Inclusive em Juiz de Fora um vigilante de uma agência do Itaú faleceu em virtude da Covid-19 no mês de abril.”. Taiomara acredita que o número de contaminados é ainda maior porque em alguns casos os trabalhadores não informam ao sindicato.
A pandemia escancarou outras dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores do setor financeiro como assédio moral, sobrecarga, descaso com saúde dos funcionários. A diretora aponta: “Além da pressão do trabalho, com metas elevadas, inviáveis na realidade de uma crise de saúde e consequentemente uma crise financeira, que dificulta a venda de produtos, funcionários ainda vivem o medo da contaminação em um ambiente super propenso à propagação do vírus. Um ambiente sem ventilação natural e com aglomerações.”. Ela destaca também que os bancos desprezam a conjuntura e implementam novas ações, mudam alguns programas próprios, o que exige mais ainda dos funcionários.
Para compreender melhor a realidade da categoria durante a pandemia, cabe recordar aqui o fechamento de várias agências na cidade. O que resultou na migração de clientes, sobrecarga e aglomerações na busca dos serviços presenciais. Bancárixs também foram surpreendidos com o descumprimento do acordo entre o movimento sindical e a FENABAN. Assim, em meio à uma crise sanitária jamais vista na história, os trabalhadores ainda enfrentaram demissão em massa. Na base territorial do SINTRAF JF só o Bradesco demitiu 22 funcionárixs.
Taiomara ressalta as intensas negociações entre o movimento sindical e a FENABAN neste período a fim de garantir segurança sanitária e medidas preventivas para a proteção da saúde da categoria. “Cobramos a necessidade dos bancos fornecerem de Equipamentos de Proteção Individual, disponibilização de álcool gel para todxs, negociamos o trabalho em home office para os bancárixs do grupo de risco, cobramos equipamentos para esses bancários trabalharem em casa, negociamos acordos de ponto eletrônico para o pagamento das horas devedoras, negociamos a redução das metas, tivemos negociações do cumprimento de protocolos nas agências quando algum bancário testava positivo para que pudéssemos preservar o restante dos Bancários.”, elenca a dirigente.
A diretora de saúde complementa relatando que o sindicato acompanha e fiscaliza a todo o momento o cumprimento dos protocolos negociados por parte das instituições financeiras. “Quando descumprem fazemos as devidas denúncias aos departamentos do banco, solicitando uma fiscalização da situação irregular.”.
O movimento sindical luta incansavelmente para incluir a categoria entre os grupos prioritários para a vacinação. Neste sentido o SINTRAF JF tem participado e articulado mobilizações nacionais e municipais, reuniões com vereadores, encaminhamento de solicitação ao Ministério Público do Trabalho e ao Ministério Público Federal, abaixo-assinado, reunião com a categoria, entre outras atividades. Todo esforço do momento é para garantir aos trabalhadores do sistema financeiro, que atuam desde o início da pandemia como serviço essencial atendendo à população, a justiça de também serem considerados essenciais para a vacinação. #VacinaJá #BancarioTambemÉEssencial #NaVacinaComVocê
Fonte: SINTRAF JF com informações da Contraf-CUT; CNN Brasil e Metrópoles