A rotina de trabalho dos gerentes do Bradesco está cada dia pior e os sindicatos vêm recebendo diversas denúncias de trabalhadores que não aguentam mais a pressão e o assédio moral. A situação é agravada ainda mais pela política de gestão e cobrança de metas focada na intensa pressão imposta pelas diretorias regionais.

Além do cumprimento semanal de metas de vendas de produtos (Evoluir), os gerentes são cobrados para fazer, em média, duas visitas diárias, uma quantidade enorme de ligações aos clientes, encarteiramento e abertura de contas. Os trabalhadores são ainda submetidos a pressões para extrapolar suas metas por conta do incentivo à concorrência dentro do banco.

Para ficar bem com a diretoria executiva, diretorias regionais extrapolam metas e a pressão se refletem diretamente nas áreas abaixo, como gerências regionais e agências. Algumas diretorias no Brasil estão exigindo até 130% em todos os indicadores.

Smart

Gerentes do Bradesco são cobrados para entregar um número elevado de contatos com clientes, podendo chegar a até 200 ligações em um dia. Isso se soma a todas as outras atribuições e metas dos trabalhadores, levando a uma enorme sobrecarga de trabalho.

O caso ficou ainda mais grave com a implantação do programa Smart, no qual o cliente avalia o contato do banco. A avaliação é feita por meio de um SMS que o cliente deve responder com a nota para o contato do gerente ou com um “N” quando entender que não houve qualquer contato.

O que ocorre é que, se o bancário tiver a partir de dois “Ns”, ele é penalizado, assim como toda a agência, que perde pontos no Programa de Objetivos, inviabilizando a premiação dos funcionários. Isso sem falar que o emprego do gerente fica em cheque, com ameaças diretas e indiretas de demissão.

O problema com a ferramenta é que, muitas vezes, o contato foi realizado para um número desatualizado ou mesmo uma terceira pessoa responde à SMS sem saber do contato anterior do banco. Sendo assim, gerentes e agências podem ser penalizados mesmo quando procederam de forma correta nos contatos.

Assédio e adoecimento

A gestão do Bradesco focada em pressão e concorrência leva também ao aumento do assédio moral, inclusive com cobrança de metas por meio do WhatsApp. Além disso, são feitas pesadas cobranças por meio de áudios enviados a todos os gerentes em seus locais de trabalho.

O Sindicato denuncia que as pressões e o assédio moral, que são totalmente irregulares e desrespeitam acordos assinados, têm levado inclusive ao adoecimento físico e psíquico dos trabalhadores.

Fonte: Contraf-CUT e Seeb-SP