A Reforma Trabalhista foi um dos destaques do segundo dia da Conferência Nacional dos Bancários.
A onda neoliberal em todo o mundo foi unanimidade nas análises, como sendo uma das responsáveis pela situação atual. Mas o debate também enfatizou estratégias de luta para o enfrentamento dessas questões.
O senador Roberto Requião, do PMDB, iniciou sua explanação mostrando que o projeto neoliberal tem apoio de 5% e rejeição de 95%. “Não somos minoria, somos ampla maioria. O que nos falta é mobilização”, afirmou.
Ele foi enfático ao dizer que ainda há saída, “mas não será dando guarida ao neoliberalismo moribundo que anda pelo mundo em busca dos países em desenvolvimento para lhe sugar suas riquezas”.
O senador citou ainda o Programa Ponte para o Futuro, do PSDB. “Essa projeto dos banqueiros e do capital internacional foi derrotado várias vezes nas urnas. Sem legitimidade, foi imposto através de um golpe validado pelos poderes da República”, finalizou.
A professora da Universidade Federal de Minas Gerais, Daniella Muradas, também falou sobre o neoliberalismo que assola toda a América Latina. “É o golpe do eixo norte sobre o eixo sul”.
Ela destacou que “a reforma trabalhista é racista e misógina, ataca fundamentalmente as mulheres e os jovens e aprofunda as distâncias que já temos no Brasil. Esse é um projeto neocolonial.”
Mas, para a professora, este momento é importante para que renovemos nossas esperanças na luta de classes em busca de um país melhor. “Esse é um golpe global. O Temer é simbólico. O objetivo é manter e ampliar a nossa sensação de inferioridade e subalternais, inclusive para reverter eixos migratórios.”
Daniella Muradas concluiu sua fala citando, especificamente, a categoria bancária: “O golpe contra os bancários já vem de muito tempo e tem apoio do Judiciário. E agora deram o golpe final, para tornar inacessível o judiciário, para impedir que este sindicalismo, que é um sindicalismo organizado, defenda seus trabalhadores.”
Clemente Ganz Lucio, técnico e coordenador do Dieese, falou sobre os desafios estratégicos desse momento de ataques e ressaltou a necessidade de uma nova forma de organização dos trabalhadores. “Temos que aprender a lutar, fazer a unidade, resignificar o papel da luta, reinterpretar, redescobrir”, disse.
Para falar sobre a gravidade da situação atual, Clemente citou Saramago. Uma repórter perguntou ao escritor porque ele era pessimista e ele respondeu: “Eu não sou pessimista, a realidade é que é péssima”.
Mas Clemente não é pessimista e disse que a categoria não pode continuar brigando, desqualificando o outro. “Temos que construir, de fato, a unidade. E unidade é mais que união, é identidade com o projeto, visão estratégica e forma de conduzir as transformações do movimento”.
Ele acrescenta ainda que existe uma profunda mudança no padrão de comando da economia e da política no mundo. “O neoliberalismo – a subordinação da produção econômica ao interesse do capital financeiro – dos anos 80 para cá, tem gerado formas de transferência para que a riqueza seja canalizada para os bancos. É desta desigualdade que estamos tratando neste momento”, acrescenta.
Clemente explica que, de 2008 até hoje 95% da riqueza gerada nos EUA foi transferida para 1% da população e que metade dos trabalhadores perdeu renda neste período.
O coordenador do Dieese finalizou citando o filósofo revolucionário Karl Marx que, ao ser questionado sobre qual o sentido da vida, respondeu: a luta.