As discussões da manhã do segundo dia da 19ª Conferência Estadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro – FETRAFI/CUT giraram em torno da temática do encontro.

A exposição de Beatriz Cerqueira, Presidenta da CUT MG, foi sobre Conjuntura Nacional e Estadual. Ela falou sobre questões gerais da Conjuntura, fez um diagnóstico e falou da importância de se interferir na realidade e fazer um plano de lutas.

“A semana vai ter início já com a votação de aprovação da Reforma Trabalhista, na terça-feira, dia 11, e sobre o tempo de permanência do presidente ilegítimo, Michel Temer. E essa é uma luta de longo prazo, do que será o país nas próximas décadas. A disputa é sobre o estabelecimento de um novo Estado. Eles estão rasgando a constituição de 88 e a CLT, é uma nova ruptura da democracia no país, estamos voltando a era pré-Vargas. Ano passado vivemos um novo golpe de Estado, assim como em 64. Em 64 chamaram de revolução e em 2016 de impeachment”.

“E esse novo ciclo de golpes tem características muito peculiares, é um golpe que vem pelo poder econômico. Do ponto de vista internacional, depois do pré-sal fomos colocados numa rota de que era preciso deter. O Brasil se fortaleceu no Mercosul e estava fazendo uma intervenção e isso precisava ser interrompido. Querem  fazer um novo Estado brasileiro, em que a burguesia mantenha sua taxa de lucros. A mídia fez uma narrativa e parcela significativa da população acreditou”, disse

E o que fazer?

Beatriz Cerqueira diz que precisamos entender as lutas imediatas e de categorias, mas articulando com uma luta mais geral. “Isso é essencial. Sem ela, a luta individual não prospera. Temos que fazer a luta contra a Reforma Trabalhista, mas mais que isso, temos que fortalecer a luta tática pelas Diretas Já, corremos o risco de não ter 2018.  Não podemos aceitar eleições indiretas”.

Ela destaca ainda “a importância de articular frentes de luta, porque sozinhos não vamos conseguir vencer essa luta. É preciso muito diálogo com a população”.

Rita Serrano, do Conselho de Administração da Caixa, falou sobre a Defesa dos bancos Públicos e Empresas públicas, ressaltando a cultura individualista, o bem estar social desmantelado.

“O desmonte das empresas públicas, a retirada de direitos, privatização, como se a corrupção fosse só no que é público. A Caixa tem 65% do mercado habitacional e 70% do crédito agrícola e o cenário é muito preocupante”, declarou.

Aristides Veras, presidente da CONTAG, destacou o momento difícil vivido pelo país e citou o poeta paraibano, Pita Monteiro, que diz que “o poeta é o que tira de onde não tem e coloca onde não cabe. A conjuntura hoje é essa, a dinâmica do mundo é o desmonte do Estado de bem estar social, ao invés de salário mínimo agora é meio salário. O que a elite quer é o mínimo, só para a pessoa se manter viva. O que querem fazer é como revogar a lei áurea, trabalhar no campo em turnos absurdos”, afirma.

Falou também sobre a pouca valorização da agricultura familiar, que vive sem orientação e inovação. “E é a agricultura familiar que garante produtos de melhor qualidade e melhor preço para a população”.

Aristides diz ainda que “Para os agricultores familiares os empréstimos vêm dos bancos públicos. Se não for eles, não existe verba. Não tem plano de saúde é o SUS. Sem eles é o cemitério. Querem criar um Estado Novo, mas só para 30%. Algumas categorias serão dizimadas”.

E finalizou citando o arcebispo Dom Helder Câmara: “Quando os problemas se tornam absurdos, os desafio se tornam apaixonantes”.