A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta terça-feira, 6 de abril, o texto-base do projeto de lei 948/2021, que permite a compra de vacinas contra a Covid-19 pela iniciativa privada a fim de aplicá-las em diretores e funcionários de empresas. O PL altera a Lei 14.125, aprovada em março e que permitia a aquisição de vacinas por empresas desde que fossem todas doadas ao SUS. Com a nova redação, as empresas podem aplicar metade das doses compradas nos diretores e funcionários.

Isso significa que, a partir de agora, está aberto o espaço para que as pessoas furem a fila da vacinação. Com a aprovação do novo texto, um banqueiro, por exemplo, de 50 anos de idade, vai tomar a vacina antes que uma pessoa de 65, 64, 63 anos e milhões de outras que estão esperando na fila de vacinação. Assim, por ato do Congresso Nacional, vão ver o seu lugar ser ultrapassado por empresários que tenham dinheiro.

Esta é mais uma prova de que a elite econômica brasileira, que ajudou a eleger Bolsonaro, não respeita a vida das pessoas. Essa mesma elite, que apoia um presidente que banaliza a gravidade da pandemia que já vitimou milhares de brasileiras e brasileiros, também nega a importância da vacinação para todos. Ela quer aproveitar dos seus apoiadores na Câmara e do seu apoio ao governo Bolsonaro para tirar a vacina que iria para o povo e vacinar seus familiares e apoiadores.

O Sindicato sempre defendeu a vida e a vacina para todas e todos os brasileiros. No que diz respeito à categoria, a entidade não tem medido esforços para proteger a saúde e a vida de bancárias e bancários durante a pandemia. Especialmente neste momento de aumento no número de casos e óbitos em todo o Brasil.

No mês de março, enviamos cartas às 55 prefeituras da base de BH e região para cobrar tanto a priorização na vacina quanto a adoção de mais medidas de proteção à categoria. Enviamos também, neste mês de abril, cartas ao governador do Estado de Minas Gerais, Romeu Zema Neto, e a todos os senadores para cobrar a inclusão da categoria bancária nos grupos prioritários da vacinação contra a Covid-19. Os bancários atuam para garantir o atendimento à população e são trabalhadores com alto risco de contaminação nas unidades de trabalho. Por isso, devem ser priorizados para receber a imunização. Mas, infelizmente, essa mesma Câmara dos Deputados que agora aprovou o texto-base do projeto “fura-fila” da vacina, no dia 31 de março, aprovou o projeto (PL 1011/20) que define 16 grupos prioritários na vacinação deixando de fora a categoria bancária.

Mas a resistência sempre fez parte da nossa tradição histórica de defender os trabalhadores. Juntamente com várias entidades representativas da categoria bancária de todo o Brasil, continuaremos cada vez mais mobilizados para mostrar ao poder público que vacinar bancárias e bancários significa proteger toda a sociedade.

 

* Ramon Peres é presidente do Sindicato dos Bancários de BH e Região