A economista Vivian Rodrigues, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e o professor Moisés Marques, da Associação 28 de agosto, foram os convidados da segunda mesa da 19ª Conferência Nacional dos Bancários, neste sábado (29). Os dois falaram sobre o desafio dos impactos das tecnologias sobre os empregos no segmento bancário.

“A migração dos atendimentos em agências físicas para os meios eletrônicos e para o mobile banking já causou estragos enormes na categoria. Mas, agora, os bancos estão partindo para a chamada tecnologia 4.0, uma tecnologia inteligente com computadores que têm a habilidade de ‘aprender’ sem a necessidade de serem programados, afirmou Vivian.

Há um novo modelo de banco sendo criado no Brasil e a economista do Dieese destacou que é a 4ª Revolução Industrial, com sistemas ciberfísicos, a transformação dos bancos em plataformas financeiras. “As transações via agências caíram de 18% para 8% do total, entre 2008 e 2016. Já as transações via smartphones avançaram e já passam de 1/3 do total. As agências físicas ainda vão existir, mas em número reduzido”, disse.

“Apesar de percebemos que estamos sendo substituídos por robôs, existe sim uma saída para tudo o que estamos vendo. Não podemos brigar contra a tecnologia, mas podemos brigar contra os efeitos de sua implantação e apontar os problemas e os prejuízos que podem ser causados”, ressaltou Moisés Marques.

E com as novas formas de contratação no bancos as relações trabalhistas ficarão cada vez mais precarizadas. “Mas, os bancos e demais empresas vendem um mundo maravilhoso, com o trabalhador como dono de sua agenda e de seu negócio. Os direitos são meros detalhes. Aproveitam a ânsia de mudança de uma geração de trabalhadores jovens, para oferecer o efêmero”, destacou Moisés.

Foto: Caetano Ribas / Contraf – CUT

E para enfrentar o problema, Moisés Marques, da Associação 28 de agosto, disse para não abandonarmos as formas de atuação que utilizamos hoje, mas incorporar novas formas, como:

• Trabalhar junto aos organismos reguladores (BACEN, CVM), no sentido de exigir regulação para conter fraudes e manter estruturas robustas de compliance e controles internos à Novas necessidades de certificação;
• Participar ativamente de audiências públicas para regulação de novas tecnologias à Acionar a Justiça, em caso de necessidade;
• Pressionar os representantes do legislativo;
• Criar uma comunicação mais direta e ativa (utilizando a tecnologia) com clientes e sociedade (mostrar riscos, problemas e dilemas);
• Criar um canal de denúncias de problemas nas operações de bancos digitais
• Pensar em “sindicatos digitais” e “mobilizações virtuais”
• Flash Mobs; Performances Rápidas; MKT de Guerrilha; Ciberativismo
• Uso de games com função política e social (Molleindustria)
• Articular nossas reivindicações com outras questões importantes da sociedade, como: xenofobia, racismo, machismo, intolerância, causas humanitárias, defesa do consumidor, etc…
• Negociar “formação” e “transição” para equilibrar relação capital x trabalho

A conferência prossegue até amanhã (30), quando os delegados irão debater e aprovar o plano de lutas da categoria.

Com informações da Contraf-CUT