Por Ana Paula Souza, assistente social do SINTRAF JF

Diversas cidades, empresas, organizações sociais e profissionais estamparam em monumentos, logomarcas ou laços a cor amarela, utilizada em setembro, desde 2014, especialmente para chamar a atenção sobre uma questão de saúde pública bastante subalternizada em nossa sociedade: o suicídio.

Tratado como tabu e, por vezes, como pior dos pecados, o suicídio é mais comum do que imaginamos, sendo necessário um período específico no ano para elucidação do tema, o “Setembro Amarelo”. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) que, no Brasil, apresenta oficialmente as diretrizes da campanha, fortaleceu o debate ao divulgar uma cartilha voltada para os profissionais da área de saúde. Estabelecendo, desse modo, um padrão de atendimento para os indivíduos vulneráveis à prática do suicídio.

A campanha surgiu para mostrar que é possível a prevenção a partir do cuidado, considerando nesse processo o suicídio como desfecho da convergência de fatores psicológicos, sociais, econômicos e biológicos. Portanto, a questão deve ser posta em debate, situando-a no âmbito da saúde pública, para desmistificar a sua concepção e tratamento. Tal esforço exige do Estado uma rede de atenção à saúde integrada e capaz de possibilitar a identificação, o tratamento e o acompanhamento dos cidadãos com pensamento suicida.

Nossa responsabilidade, nas relações cotidianas, perpassa pelo cuidado com outro (familiar, amigo, companheiro de trabalho) reforçando a escuta e a observação nos momentos de angústia ou desânimo. Como destacam os informativos sobre o tema, suicídio não é frescura e a maioria das pessoas que cometem o ato tem histórico de adoecimento psíquico. Fatores sociais também contribuem para o pensamento suicida, em períodos de crise econômica e desemprego, por exemplo, os casos tendem a aumentar.

Zombar, excluir, ridicularizar ou minimizar o sofrimento do outro reforçam estereótipos que limitam o debate e impedem o fortalecimento coletivo, necessário para o enfrentamento dos fatores que influenciam o suicídio.

Fonte: SINTRAF JF