O país assiste, perplexo, a uma série de tragédias que se precipitam sobre a nação atônita.

A maior delas, a total inépcia do principal representante do Poder Executivo Nacional para o exercício do cargo.

Sim, malgrado toda a grandeza do crime da Vale em Brumadinho, da morte de 10 adolescentes incinerados por completa negligência de um dos maiores clubes de futebol do país, dos feminicídios que se tornam comuns nas manchetes todos os dias e, por último, do extermínio em série de uma dezena de adolescentes e adultos por dois jovens suicidas, a grande desgraça que se abateu sobre o país nos últimos tempos foi a constatação de que temos um mentecapto no poder. Ou melhor, uma família de mentecaptos.

Da postura inexplicavelmente beligerante frente a nosso maior parceiro comercial ao disparate de declarações públicas e posts monstruosos na internet, fica patente para a população em geral, excluídos os cegos por um fanatismo que merece estudo sociológico e psiquiátrico, que, desafortunadamente, tudo o que foi dito durante a campanha presidencial, por adversários e pelo próprio hoje presidente, era verdade.

Pela primeira vez na história, tivemos um processo eleitoral no Brasil marcado pela falta completa de regras. No vale-tudo que se instalou, a dupla fake “kit-gay” e “mamadeira de piroca” foi a grande vencedora, alçando ao poder um candidato que é o reflexo do conteúdo dessas duas invenções de marqueteiros sem qualquer escrúpulo. Seus eleitores, contudo, foram além das fake news. Momentos antes de registrar o voto na ‘demoníaca’ urna eletrônica, tentavam convencer indecisos e justificavam o próprio voto com um argumento imbatível: “Ele não é assim. Isso tudo é da boca para fora. Ele não vai fazer isso, não.”

Enganaram a terceiros enganando-se, alcançando o objetivo eleitoral: derrotar o PT – a ‘grande chaga nacional’. A consequência, infelizmente, vivenciamos, como um pesadelo interminável, dia a dia.

O assassinato em série em Suzano é a consequência lógica de um discurso belicista unificado ao culto ao ódio. Chegam notícias de que o atentado foi planejado durante UM ANO E MEIO em uma página da internet. Um fórum dedicado a pessoas que gostam de debater e fomentar preconceitos e desprezo a públicos específicos de toda sorte. Qualquer semelhança com o Twitter presidencial não é mera coincidência.

Será que a solução, como, de forma muito ‘sensível’ e ‘sensata’ Major Olímpio – ainda com o sangue das vítimas quente e espalhado sobre o pátio da escola palco da chacina – veio sugerir, seria dar uma arma para cada cidadão? Será que investir em tecnologia e monitoramento – certamente muitos jovens brasileiros podem desenvolver uma ferramenta de software que possa identificar palavras chaves digitadas com frequência na WEB, se é que essa ferramenta ainda não existe  – não seria o caminho mais civilizado e inteligente?

Será que precisamos visitar a era medieval em pleno Século XXI, realmente?

Será que a sanha por se apossar do valor excedente de impostos, uma vez eliminados todos os serviços públicos, inclusive a segurança, justifica até mesmo a barbárie?

É tempo de refletir e começar a mudar o rumo da nossa história, antes que seja tarde.

Por Helberth Ávila